Antônio Abujamra entrevista o maestro Júlio Medaglia. Ele nasceu em 1938 na cidade de São Paulo. Seu primeiro contato com um instrumento musical se deu através de Magali Sanches, empregada doméstica da família na época. Júlio passou a ter aulas de violino e, anos depois, foi levado para a Escola Livre de Música pelo oboísta Isaac Karabtchevsky. Estudou regência na Alemanha, participou de diversos festivais de música por todo mundo, ganhou prêmios por suas trilhas cinematográficas, publicou livros e comandou programas no rádio e na televisão. Com toda essa bagagem, ninguém melhor do que ele para falar sobre música hoje no Brasil.
“Você chega numa estação de rádio aqui em São Paulo, dá vinte mil reais por mês e eles colocam 3 vezes por dia sua música no ar. Pode ser sua música, se você quiser um peido de bode também. São prostitutas eletrônicas. Você deu a grana, eles abrem os microfones”, declara Júlio Medaglia e acrescenta: “Quanto mais cresce a indústria cultural e as facilidades, pior vai ficando a música. Você liga o rádio é um lixo total. A televisão aboliu completamente a música”.
Júlio não se privou, também, ao expor sua opinião sobre os estilos musicais que fazem sucesso atualmente no Brasil. “Toda essa música sertaneja que nós ouvimos durante a década de 90, não passou de um boleirão de puteiro de cais de porto de quinta categoria”. Sobre o pagode, ele declara: “Todo ele junto não vale uma pausa de uma música do Nelson Cavaquinho”. E ainda classificou o rock como uma ´porcaria´ e o hip hop como uma tragédia nacional. “É a música mais democrática que existe. Qualquer retardado mental pode fazer aquilo”.
Programa exibido em 14/12/2010.