Uma mulher, um terno, um par de óculos escuros e 06 companheiros de programa, todos homens. Essa é Monica Iozzi, a repórter do CQC que transita pelos corredores da Câmara dos Deputados em Brasília.

Formada em Artes Cênicas, Monica diz: “Acho que sou uma atriz interpretando uma repórter, porque eu nunca pensei em ser repórter. Eu não faço uma coisa simples, eu vou lá em Brasília falar com deputados, senadores, sobre escândalo de corrupção, a falta de interesse na vida do povo... Não é uma coisa muito tranquila entrar naquele ambiente tão machista.” Diz ainda, a respeito do assédio: “lá tem muito homem, então qualquer mulher que aparece já chama a atenção.”

Numa empreitada diária para arrancar depoimentos dos deputados, utilizando-se do bom humor característico do programa, Monica revela: “alguns [deputados] são muito receptivos e alguns saem correndo. Mas agora, depois de 2 anos, acho que eles entenderam que é melhor parar, falar, ser irônico, do que sair correndo ou falar alguma bobagem”.

A repórter revela ainda que o trabalho exige preparo e cuidado: “geralmente você tem que disfarçar para entrevistar alguém que você odeia, até para conseguir essa entrevista.” E faz ressalva para a exceção: “com Collor eu não consigo nem disfarçar”.

Antonio Abujamra lê Emil Cioran e Thomas Bernhard.